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Em busca da cuia ideal

Artesão relata como ocorre a seleção de porongos para a produção de cuias de chimarrão.

Foto: Robson Girardon

O hábito de tomar chimarrão é uma tradição antiga entre os gaúchos. A cuia que passa de mão em mão é confeccionada a partir da produção de porongos e engana-se quem pensa que o processo é rápido. Assim como a melancia, é uma planta rasteira, e pode pesar até 5 quilos.

No Rio Grande do Sul, o processo de plantio começa em agosto e a colheita ocorre a partir de março do ano seguinte. Após esse período, leva cerca de 1 ano até chegar ao mercado para o consumidor.

Geri Stanislawski, artesão de Santa Rosa, trabalha na confecção de cuias há 25 anos e declara: “Uma cuia bem escolhida pode durar até 30 anos se for bem cuidada”. Todo ano, no mês de janeiro, os artesãos entram em contato com os produtores para ter uma estimativa da futura produção. “É o mesmo sistema da erva-mate. Quem quer produto bom tem que pagar adiantado”, destaca.

Segundo o artesão, não existem cuias iguais, pois cada região tem um casco diferente. “As que eu mais utilizo vêm da região de Triunfo. Vicente Dutra é uma região que também tem bastante.” Já extraídas e pré-selecionadas pelos produtores, os porongos ficam em galpões. O artesão vai até lá e faz a escolha final. “Eu cuido o formato, mas não tem outra maneira de escolher que não seja pelo som. Pego uma madeira e bato nos porongos. Em dois dias identifico as cuias boas”, declara.

Após a escolha dos porongos, começa o trabalho artesanal. Primeiro, tira-se a pele e faz-se o furo. Segundo Stanislawski, é preciso ficar virando a cuia durante a secagem para não mofar. Esse período de secagem pode durar até 90 dias, pois não pode secar no vento e nem no sol.

Na sequência do processo, o artesão utiliza uma lixa com água, retirando a pele do casco e passando a lixa seca. Por fim, é preciso passar o ácido nítrico para dar o tom avermelhado e evitar caruncho: “Faço o polimento além de usar uma lixa fina no acabamento. Surge assim uma cuia bonita, independentemente do tamanho e formato”, finaliza.


A equipe por trás da série

Coisas e gente da terra é uma série produzida por estudantes de jornalismo da Unijuí. Leia mais. 

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